10 de junho de 2011

Meu e seu

         Se existe algo que eu lembro perfeitamente, nos mínimos detalhes e, que me faz ter uma sensação inexplicável dentro do peito, foi o dia em que o conheci. Cada traço do seu rosto, a cor dos seus olhos, seu perfume, seu abraço... Cada um dos seus detalhes foi armazenado no disco rígido do meu coração, na parte mais importante da memória. Eu já não tenho tantas palavras para falar de amor, haja vista que é algo tão sublime e tão difícil de explicar que, por vezes, parece bem mais fácil sentir, apenas isso. Nós é que temos  mania de querer explicar tudo, mania de querer definir as coisas, de medir ou testar valores e sentimentos, mas o que importa mesmo é o que nos faz bem e feliz.
         A nossa história vai ser aquela que eu vou ter o prazer de contar para os meus filhos, para os filhos de meus filhos e a quem oportunidade de contar eu tiver, porque para mim, é a história de amor mais bem escrita, vivida e bonita que alguém já fez. Um amor. Uma verdade. Um sentimento, tudo isso vivido a dois e por dois corações distraídos que foram pegos de surpresa, mas que até hoje não se arrependem desse acaso, ou melhor, dessa armação do destino.
        Que a vida é uma caixinha de surpresas todo mundo já sabe, que tudo acontece em um tempo certo e na hora certa, também. Entretanto, a maior verdade é que, na maioria das vezes, não estamos preparados para receber tais “premiações”. Quando eu menos esperei, quando eu achei que não estaria pronta e quando eu tinha certeza de que amor era algo que não existia, ele apareceu; apareceu como um anjo, que me segurou entre as asas e me conduziu aos melhores momentos que já tive na vida.
        Pode parecer cedo para falar em “melhor”, mas fazer o quê, se até hoje é? Dizem por aí que só amamos uma vez na vida, e eu concordo inteiramente. Digo isso porque sei que paixões acontecem a todo o instante, entretanto, amor é uma vez, e só. É fácil apaixonar-se por alguém, para isso basta uma questão de afinidades, de comportamentos, de ensaios, de promessas e frases feitas. É essa a receita de uma paixão. Paixão também se pode ter por um livro, por uma jóia cara, por uma música, por uma profissão, por tudo que é capaz de agradar, e quando desagrada deixa de ser paixão, pode virar ódio e depois termina em ilusão.
       Até que chega o amor, desagradando tudo, sendo o oposto de tudo o que lhe convém; sendo o livro que você detesta ler, a música que você detesta ouvir, e as frases mais inesperadas que te fazem perder o chão, e muitas vezes, te deixa sem respostas. O amor vem tirando o ar, mostrando rebeldia, desobediência, magoando e consertando, sendo errado e sendo certo. Eis a contradição que amamos. É isso que amarra os nossos corações, e é isso que caracteriza o amor. Amar o contrário, amar o errado, amar o imperfeito, amar a dor, amar a sensação de não ter domínio pleno, amar o ser livre.
      Por essas e outras é que valorizamos tanto o amor. Só o amor nos faz diferentes a cada dia, esquecermos qualquer rotina, sermos vários em um, sermos um em vários. Demoramos a entender, mas um dia compreendemos que, só um ser vivente foi capaz de te fazer perder o sono; ter os maiores ataques de ciúmes; foi capaz de te causar as maiores decepções (não que elas tenham sido graves, mas é da natureza humana dramatizar tudo, e se tratando de amor então, todas as figuras ganham força e o deslize por menor que seja, acaba se tornando responsável por um abalo colossal.); só uma pessoa no mundo foi capaz de te distrair; te fez parecer louco quando, ao rir sozinho no meio da rua, percebeu que alguém te olhava com cara de espanto; só um ser na tua vida foi capaz de te fazer esquecer o mundo enquanto estava com ele; te fez ignorar tudo o que os outros diziam; te fez crer em cada palavra que dizia como se tudo fosse artigo de uma lei universal e te fez perdoar grandes mentiras.
         E então eu pergunto: Como depois de tantas artimanhas gostar de uma criatura dessas? O grande desafio do amor é te enlouquecer com essa pergunta, aprender a conviver com ela é que faz com que sejamos felizes e entender que jamais encontraremos a resposta é o que amenizará a inquietação de nosso espírito.
         Como respondê-la? Surge então a desculpa da compensação, na qual todos esses “defeitos” são justificados pelo bem que a pessoa lhe proporciona, mas é fácil desmentir essa teoria com o simples fato de que, se os mesmos atos fossem feitos por outra pessoa não causaria o mesmo efeito e então não nos satisfaria.
          Não adianta! Não há palavra no mundo que descreva o que sentimos nos poros quando somos tocados por quem amamos; o que sentimos no peito quando o coração pulsa acelerado ao ver aquela pessoa; o que sentimos nas veias quando recebemos um abraço, um beijo, um afago; nada explica o que é aquela presença que satisfaz, acalenta, regenera e constrói diariamente bases tão fortes dentro de você; coisa alguma explica a alegria que domina o corpo inteiro; a sensação de estar completo; a visão de perfeição que se forma daquele ser tão imperfeito quanto qualquer mortal; nada explica, nada supre, nada substitui, nada é comparável.
         É por essas e outras que eu o amo. Perto ou longe. Junto ou separado. Para sempre, eu sei, eu tenho certeza, eu sinto. Meu amor é o dele, o dele é o meu e o nosso amor, esse é nosso e de mais ninguém. Fomos nós, que o construímos quando tivemos chance; fomos nós que o regamos diariamente para que ele não murchasse; nós que aparamos as arestas para que ele ficasse mais forte com o tempo; nós que o curamos quando ele se feriu; nós que zelamos por ele dia e noite, noite e dia, para que ele seja, hoje e sempre, perfeito.
Fonte Imagem: canilho.wordpress.com
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