28 de outubro de 2011

Amor mendigo

Ando distraída de meus passos,
Tua marcha, agora, é minha alvorada.
Não te culpo,
Posto que minha seja toda a culpa
Por amar-te sem medida e,
Minha vida já não existe distante da tua.

Ando apaixonada, simplesmente.
E de meus versos exala um quarto do amor
Que me sufoca a alma.
Amo-te tanto que,
Deixar-te livre é o mesmo que sofrer,
Entretanto, como prender um beija-flor
Que de minha água doce jamais bebeu?

Tu me destróis em cada gesto,
Mas os faz tão delicados,
Que tua simples passagem já colore o meu dia.
Esperar-te-ia dias, meses, anos,
Toda a minha vida,
Posto que grande e quente como sol é o meu amor
e nunca há de esvaecer.

Amo-te sem esperar de ti um riso,
Um afago, ou uma flor sequer,
nem esperar ser lembrada, se um dia você resolver partir.
És meu laço, meu riso, meu fato.
          Se vivo, é por meu sangue ser teu amor e,
Por ser meu olhar mendigo de teus passos,
De teus gestos, de teus abraços.

                                        Raíssa Bahia

Fonte imagem: jjuh.tumblr.com


Licença Creative Commons
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24 de outubro de 2011

Epílogo


O relógio marca cinco e meia da manhã. Hoje é domingo, dia do descanso merecido por quem fez esse mundo, nem que fosse apenas o seu, girar a semana inteira. Um domingo diferente de todos os outros, bem como os últimos dias, os últimos meses. O último. Os jornais anunciam há semanas que o fim está próximo. Dizem que um meteoro gigante cairá sobre a Terra, dizem que o planeta explodirá em magma e luz. Minha mãe diz que “estava escrito”. Maktub. Pouco me importa o motivo. Em um dia, não haverá mais dia, nem noite, nem as lembranças de quem os viveu. Fim.

Mas eu ainda tenho tanta coisa pra fazer... Ora, e quando eu tive tempo pra riscar toda a minha lista de tarefas do dia? Um dia de trinta horas? Nunca passou de um sonho, um devaneio impossível. O mundo vai virar poeira cósmica e, mesmo assim, nunca deixamos de achar que tínhamos em nossas mãos um poder que ninguém teria. Nós sempre fomos poeira. Controlar o tempo, mediar a paz universal, fazer o gol do título, atirar a flecha do cupido. Quando iríamos entender o óbvio, que não éramos nada além de peças no tabuleiro?
O tabuleiro das nossas vidas, que muitos acreditavam viver sozinhos. Ledo engano. Dependência, nossa maior condição. Desde o ventre materno, os primeiros coleguinhas da escola, os grandes amigos de infância, até os amores e afetos, as companhias fortuitas ou premeditadas. Hoje eu vejo o quão dependentes nós somos. Mais do que muitos nem sequer imaginavam. Todos se abraçam, choram, pedem perdão, agradecem. Nas ruas, nas casas, na TV.
E eu? Onde eu cheguei? Será que destes dias, em que pude exercer o dom do raciocínio, eu parei e pensei na minha trajetória? Hoje é o fim da linha, a última volta da corrida, e como está meu carro? E as avarias que sofri e causei? Garanto que a minha pista não foi lá das mais planas e retas. Derrapei, como o mais experiente. Fiz curvas perfeitas, ultrapassei, trapaceei, enganei e fui enganado. Os olhos que fingiram ternura um dia, choraram em outro. E agora? Céu ou inferno?
Posso dizer que fui um bom garoto, merecedor de todos os presentes que ganhei de Noel. Posso dizer que aprendi muito com os erros. Aprendi a não errar, aprendi a saber errar. O orgulho eu nunca controlei por inteiro, mas eu sei o quanto me esforcei pra reconhecer minhas derrotas. Ninguém vai ler esse meu desabafo, não há tempo, porém eu acho que preciso ler, escrever, organizar toda a bagunça que sou. Acho que devo desculpas. Perdoar e ser perdoado, talvez.
Nunca matei, nunca roubei, nem usei drogas. Mas magoei muita gente, com meu jeito torto de agir, pensar, amar. Se eu pudesse, agora, eu diria a todos que explodirão daqui a pouco com uma péssima imagem de mim, o mais sincero “me perdoa, por favor” da minha vida. Clemência? Palavra forte. Alívio.
E por quê eu não fiz isso antes? O ser humano sempre foi movido a desafios, a limites, a agir em momentos extremos. Enquanto eles não existem, não há razão para fazer as pequenas coisas. O medo de ser o que somos, banais. Demorei demais para perdoar pequenas falhas, coisas bobas. Os ressentimentos não estão mais em mim. Me sinto mais limpo. Limpo e livre de qualquer amarra, para pedir perdão e dar perdão. Estamos todos no mesmo barco.
Como eu sou egoísta! Até agora ainda não pensei em quantos merecem minha gratidão. Muitos, muitos mesmo. Cada tijolo colocado em meu muro erguido desde sempre, cada favor, cada cola na prova, cada dia feliz, cada sorriso sincero. Eu não chegaria aqui. A todos, sem exceção, que de alguma forma construíram a versão final deste homem que sou, ou que fui, MUITO OBRIGADO. Até errando, muitos de vocês me fizeram acertar. Agradeço até a quem não me ouvirá. Obrigado, pôr-do-sol. Obrigado, chuva das duas. Obrigado, Machado.
Agora são seis e quinze. Hora de sair daqui, me despedir do meu velho companheiro eletrônico, dos meus “amigos” virtuais, dos meus textos, da minha vida pro mundo. Agora é a hora de tentar pedir perdão, de tentar perdoar, de tentar agradecer, de tentar fazer um décimo do que pensei. Sem contar o que não pensei. Prefiro que seja assim, não prever o que farei hoje. Vou fazer o que quiser pra, pelo menos hoje, sentir que o mundo é meu.
Quem sair por último, que apague a luz.

                                              Fonte Imagem: http://4.bp.blogspot.com/


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Gustavo Ferreira, @gusdferreira ou @reportere, dono dos blogs Etc e Reporter E, estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Pará, grande amigo e incentivador do blog, é a pessoa mais apaixonada pelo o que faz que eu conheço, seu amor pelo jornalismo corre muito além das veias. Gustavo encerra a Semana de Homenagens do Entreletr@s com um texto inédito. O blog completou 1 ano e ele não poderia deixar de ter um texto do seu PRIMEIRO SEGUIDOR, aqui, pela segunda vez consecutiva. Obrigada Gustavo, pelo texto e pelo carinho com o blog, que Deus ilumine o seu caminho e conceda cada vez mais sucesso à sua carreira.

23 de outubro de 2011

O fim, o início


Recebi, hoje, uma notícia bombástica: o fatídico dia está próximo para todos nós. Temos apenas 24 horas de vida neste mundo, em poucas horas tudo vai acabar, a raça humana será extinta, a fauna e a flora se transformará em pó, nada restará, apenas cinzas de um planeta que foi o centro do universo.
Nós estamos na iminência de virar pó, o desespero tomou contou de mim, porque além de saber que iria morrer, também fiquei sabendo que fui escolhido pela NASA (Agência Espacial norte-americana) para ser o agente propulsor da disseminação do fim, ou seja, eu teria que dar essa notícia catastrófica para 5 bilhões de seres humanos.
Por que a NASA me escolheu? É o fim e eu que tenho a responsabilidade de dizer isso ao mundo?! Foi essa a pergunta que eu fiz, em inglês, no telefonema que recebi de Washington, ao diretor-executivo da NASA, no início da madrugada de hoje. Ele me explicou que segundo a tese dos cientistas astrofísicos, um meteoro mil vezes maior que o sol entrou na rota do planeta terra a um mês, sendo comprovado e visualizado pelos telescópios da estação espacial em órbita no universo. Os físicos, matemáticos e engenheiros espaciais calcularam a velocidade e constataram que a colisão do meteoro com a terra acontecerá às 23h30 de hoje. Um grande choque tomou conta de mim, apenas a NASA e eu sabíamos que o mundo acabaria em poucas horas, sendo que era minha a árdua missão de vaticinar ao mundo o fim no dia de hoje.
Eu sabia que ninguém iria acreditar em mim, mas mesmo assim postei na internet em todas as redes sociais a seguinte mensagem: “Hoje, às 23h30, um grande meteoro vai colidir com a terra e todos nós morreremos”. Ainda era madrugada quando postei a mensagem, em menos de uma hora depois esta mensagem já estava no topo das mais comentadas no mundo virtual, os mais importantes portais de notícias da internet reproduziram a mensagem, as rádios difundiram tal notícia, as principais redes de televisão especularam em seus telejornais a veracidade dos fatos, os jornais locais e internacionais estamparam na página inicial a notícia do fim do mundo.
Em pouco tempo houve um caos midiático em todos os continentes, a pressão era grande, todos queriam saber se era verdade ou mentira, muitos rechaçaram, debocharam, avacalharam com a mensagem; queriam prender o cara que postou a mensagem irresponsável do fim. Rapidamente, meu nome estava na “boca do mundo”, a polícia federal foi contactada pelo FBI para saber sobre os meus dados pessoais, um mandado de prisão foi autorizado, me tornei um procurado da justiça norte-americana, me escondi, era um fugitivo; todo esse rebuliço mundial ocorreu na madrugada desse dia.
Até que às 6h00 da manhã, numa coletiva de imprensa mundial, o presidente dos Estados Unidos e o diretor-executivo da NASA confirmaram que a mensagem postada por mim, na internet, era verdadeira e que o mundo iria acabar numa colisão com um grande meteoro, exatamente às 23h30 de hoje. Essa confirmação oficial do fim do mundo causou um caos inimaginável na sociedade mundial. Instantaneamente as ações das bolsas de valores desvalorizaram, em poucos minutos empresas multinacionais estagnaram; politicamente países com rixas históricas declararam guerra. Assim no quase fim do mundo deu-se início à 3ª guerra mundial.
Às 12h00, as agências internacionais noticiavam as mortes ocasionadas pela guerra, suicídios de célebres políticos, empresários, esportistas, artistas devido o temor, a insegurança, o medo de perder tudo que conquistaram e principalmente por medo de esperar a morte. Logo depois, o Governo norte-americano, os representantes da União Europeia e os integrantes do Conselho de Segurança da ONU declararam que não havia mais nada a ser feito, e confirmaram o fim do mundo.
No meio desse caos fiquei trancado em casa, havia boatos de arrastão, arrombamentos de casas, saqueamento de lojas, assaltos à mão armada, assassinatos na rua, ou seja, Belém estava a mercê do mal; a polícia deixou de existir e o local estava muito inseguro. A minha casa era o meu porto seguro, nos momentos finais do mundo. Desliguei a televisão e fui para o quarto, não tinha mais nada o que fazer, era só esperar a morte do planeta e consequentemente a minha morte. Peguei o álbum de fotos e passei a tarde toda relembrando o passado, saudosista de momentos áureos de minha vida, um tempo inesquecível no qual a felicidade dava o ar de sua graça. Lágrimas caem ao olhar as fotos de minha família, de minha formatura, infelizmente tudo se foi só ficaram as lembranças. De repente um grande barulho, era um relâmpago anunciando a chuva torrencial, ventos fortes, rapidamente escureceu. Olhei pela janela, ninguém nas ruas, um deserto em pleno horário de pico, silêncio e solidão no mundo. No relógio eram exatamente 19h00.
Liguei a televisão, percebi que todos os canais estavam fora do ar. Fui à internet também estava fora do ar, peguei o celular, mas estava sem sinal, o mundo estava incomunicável. Fiquei na sala, peguei uma página de caderno e uma caneta e comecei a escrever versos de despedida, versos que ninguém leu, que ficaram guardados na memória. De repente uma forte explosão na rua, ocasionando a queda de energia elétrica; tudo ficou escuro, não se via mais nada, já eram 23h00.
Eu e uma lanterna, e o silêncio no mundo. Eram os últimos 30 minutos de vida do planeta terra, momento de introspecção, de análise, de reflexão, instante de um diálogo, de uma interação com Deus, que consola e fortifica a alma. A chuva ficou mais intensa, esfriando a noite; apontei a lanterna até o relógio na parede, ouvi na rua um grito desesperador, vi que eram 23h29, era o grito da aflição, do fim anunciado, do último minuto de vida. Nesse instante uma intensa luz apareceu no céu e clareou o mundo, fui até a janela e vi uma bola de fogo em movimento, olhei de novo para o relógio, eram 23h30, fechei os olhos, ouvi um estrondo ensurdecedor, a temperatura ficou insuportável, houve uma grande explosão no mundo...
Foi nesse momento, que eu acordei do coma, depois de um grave acidente de trânsito, há cinco anos, vi minha família chorando de alegria, no leito do hospital, e pensei comigo mesmo: sobrevivi...
          
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Josué Leonardo, estudante de Letras- Língua Portuguesa, dono do blog Retextualização Imagética. Depois do meu avô, ele é o homem mais cavalheiro que já conheci, um gentleman. A timidez e descrição não conseguem esconder a pessoa maravilhosa, doce e romântica que ele é. Josué, que Deus continue te abençoando sempre. Obrigada um milhão de vezes pela sua participação de estréia no blog, pra mim, ter um texto seu aqui é bem mais que uma honra, é um prazer imensurável.

22 de outubro de 2011

Sem limites



Já era dia quando chegou-me ao ouvido que eu só teria mais aquele dia. A princípio julguei ser sonho, mas bastaram alguns segundos para me dar conta que era real. Da rua vinham gritos, risadas, o barulho ensurdecedor do motor dos carros. Ligaria a televisão para saber se era aquilo, mas o grito de alguém veio pela janela a confirmar minhas suspeitas: “É o fim do mundo!”, bradava o infeliz antes de ser atropelado.
Fui até a janela e o caos se desenhou diante de meus olhos. Vi pessoas que corriam sem saber para onde ir, outras se abraçavam e choravam o fim que se aproximava, alguns gritavam eufóricos como se estivessem alegres com aquilo. Tudo era tão surreal, mas minha calma parecia ser ainda mais. Não partilhava daquilo tudo, era como se não fosse acontecer comigo, como se eu fosse um mero expectador do apocalipse iminente.
Até que fui tocado por meus pensamentos: o que fazer? O tempo está correndo mais rápido do que antes e agora parece que pretende parar, o que fazer antes disso? Respostas surgiam de todos os cantos de meu pensar. Havia tanto a ser feito, porque as coisas tinham que ser abreviadas daquela forma? Porque, se havia pouco que eu despertara para a vida, de fato? Por mais que quisesse fazer conjecturas, era preciso definir quais seriam os últimos passos de minha existência.
Mas escolher o que fazer não era nada fácil. Afinal, seriam os últimos momentos dessa vida conturbada. Era preciso escolher algo realmente válido. Mas o quê? Poderia ler um bom livro, ou até mesmo escutar, finalmente, os CDs da minha coleção que eu nunca sequer tirei da embalagem. Poderia ligar para meu melhor amigo e ter uma boa conversa, daquelas que fazem as horas passarem sem que se sinta. Porém, talvez ele não partilhasse do mesmo desejo.
E se eu cedesse a todos aqueles impulsos que sempre reprimi? Aos desejos que as convenções sociais sempre me impediram de saciar? Afinal, não haveria amanhã para enfrentar as conseqüências ou a reprovação por parte dos outros. Contudo, o maldito senso de pudor, já arraigado em mim, me convencia a fazer o contrário. Talvez por não desejar ser lembrado como o cara que surtou nos últimos momentos da vida.
Eu já havia desistido de minha idéia quando uma mulher passou em frente à minha casa. Corria nua cantando músicas de um tempo distante. Percebi sua felicidade insana, mas não tive coragem para acompanhá-la. Ela passou e logo atrás vinha um homem. Decerto estava a segui-la. Alguns minutos depois ouvi alguns gritos, que depois se transformaram em gemidos. Decerto o homem a alcançara e estava por saciar sua derradeira vontade.
Vi quando dois automóveis colidiram em frente à minha casa. Vinham em alta velocidade e pude ver quando se encontraram: o metal sendo retorcido enquanto os vidros estouravam em mil pedaços. Alguns segundo após a colisão, vi quando os motoristas saíram de dentro dos veículos. Ambos estavam bastante machucados, cambaleantes. Caminharam ao encontro um do outro e, em seguida, se abraçaram. Pensei serem amigos que realizavam um desejo em comum.
A manhã avançava e eu não sabia o que fazer. Já começava a me preocupar quando ouvi aquela voz doce: “Amor, fecha essa janela. Esse barulho todo não está me deixando dormir. Vai, fecha essa janela e vem ficar comigo.” Naquele instante descobri o que faria: aproveitaria o tempo que me restava junto dela. Ficaria ali com a mulher que amo e deixaria que o mundo acabasse sem mim.
Pensei em contar-lhe o que acontecia. Mas me contive. Seria egoísta pelo menos uma vez na vida. Mas o seria por um amor incondicional, que seria meu último desejo. E, apenas o fiz, por imaginar que aquela seria uma vontade em comum. Sabia que naquele momento poderia viver o amor pelo amor, sem preocupações ou conjecturas sobre um futuro incerto. Enfim poderia amar sem medo, sem limites.

 Fonte Imagem: http://4.bp.blogspot.com/

Robson Heleno ou RobsonH, a vida um dia cruzou nossos caminhos e Deus antes de tudo disse que seríamos irmãos. Um amigo que entrou em minha vida pra não sair nunca, um irmão que papai do céu me deu, que cuida de mim em todos os instantes e que faz o possível para que eu seja feliz. Meu amor por ele não tem dimensão e ele sabe bem disso, é enorme, é puro, é gigantesco. Te amo, Robs, obrigada pelo texto lindo que me fez chorar, viu?

21 de outubro de 2011

A,B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z



Papel, linhas, tinta, uma historia, ou melhor, uma profecia; afinal, os profetas não agem, eles escrevem! E escrevem, e escrevem, é nesse contexto que coloco a minha escrita, essas palavras que agora vocês leem tem poderes, contudo, atenção...Não! E digo, não quero ser considerado um “neoapóstolo”, até mesmo porque não me julgo estar à altura desse título tão nobre, minha conduta terrena, nos moldes cristãos, é recriminada, deixemos a discussão desse mérito para outro momento. Intitulo-me uma escritora, nada como uma Clarice Lispector, um Machado de Assis ou qualquer outro autor brasileiro, retirando Paulo Coelho, eu só tento desenhar as letras no papel em que a tinta dá a forma, influenciada pela minha imaginação, enlouquecida, luminosa, soturna, contraditória, empolgante, excitante...
O Fim chegou. É óbvio que todos nós teremos um fim, no entanto, imagine a cena: 7,5 bilhões de pessoas no mundo começam a escutar, simultaneamente, uma música...“Baby, baby, baby oooh/Baby, baby, baby no/Baby, baby, baby oooh/Thought you'd always be mine mine” ou essa “Bota a mão na cabeça que vai começar/o Rebolation tion tion, Rebolation/o Rebolation tion tion, Rebolation/o Rebolation tion tion, Rebolation/o Rebolation tion tion, Rebolation e mais 48 vezes repetida a palavra rebolation. Em qualquer lugar, não tendo para onde fugir, no volume estrondoso, você ficar ouvindo essas letras. Após um mês passando por isso, vem quatro cavaleiros, cada um montado em um cavalo de cor diferente, que descem dos céus, esse caracterizado com uma cor prateada, trazendo um novo programa de tv para a emissora “que mais cresce no Brasil” , e só ela é transmitida aos cidadãos do mundo inteiro, isso perpetua-se por anos afins.
Para acabar com a dor, um meteoro com a força de 10.000 bombas de Hiroshima cai sobre a Terra, e há uma trágica explosão, não tão trágica assim, logo que se parou de ouvir e vê as porcarias mundanas, e o fogo recuperou o seu espaço, devastou tudo e todos sem nenhuma piedade, e o homem voltou a ser pó o simples pó que sua mente insiste em esquecer. O ser humano é um animal, simbolizando mais, é lobo. O seu próprio começo foi o seu fim... E, quando acontecerá tudo isso, até chegar as 24horas definitivas da vida do planeta? Olhe o relógio! Esse é o horário, não tens mais vinte e quatro horas, enquanto escrevo e termino esse texto tudo que a palavra descrevera aconteceu e no ponto final acaba o mundo. Obrigada! Eu alertei-o, meu leitor, essas palavras tem poderes...



Karen Daniella, é estudante de Letras - Língua Portuguesa, companheira de classe e da vida. Sabe quando você está naqueles dias em que nada é capaz de te fazer sorrir? Pois é, ela tem um dom de te alegrar e te fazer feliz até nesses dias. Uma amiga sem comparações, que eu levarei para a minha vida toda. Sensível, cuidadosa, amorosa e talentosa, nos deu a chance de ter um de seus escritos no blog. Obrigada por tudo, amiga, eu amo você!

20 de outubro de 2011

Um dia


             "Se o mundo acabasse amanhã eu me casaria." foram essas palavras que eu gritei pouco antes de saber que o mundo iria acabar em 24 horas. Tinha apenas um dia para encontrar a mulher perfeita, mas eu sempre fui um verdeiro nerd. Nunca iria conquistar ninguém assim em tão pouco tempo. Eu era tão feio. Isso me desencorajava mais ainda.
            Não tinha amigos para me apresentar uma namorada. Não tinha ninguém. Fiquei desesperado. Não acreditava que isso estava acontecendo. Eu era um homem de palavra teria que cumprir o acordo. Mas quem seria a bela mulher que eu iria me casar? Quem iria me querer? Eu que gosto de colecionar selos. Arrumar os chinelos ao dormir. Que come comida sem sal. Eu que sou um sem sal. Quem iria me aguentar? Nada mais restava a fazer nas próximas 24 horas a não ser encontrar alguém e me casar!
            Comecei a correr, não sabia para onde. Corria pelo bairro. Procurava pelas janelas alguma senhorinha encostada. Só o que eu via eram cortinas e vasos de flores. Corri mais ainda. E avistei uma casa. Na frente tinha um cão muito brabo. Ele latia para mim com ódio. Como se eu o fosse matar. Nunca vi tanto ódio em um olhar. Pelo fundo da casa mais um cão. Este veio de fininho e quase levou a minha mão. Justamente a mão em que eu iria usar o anel de noivado. Não desisti. Sentia que ali naquela situação de hostilidade estaria o que eu procurava.
           Bem ao fundo da casa avistei uma mulher. Ela estava costurando. Estava concentrada e linda. E a chamei. Bati palmas. Os cachorros latiam, mas ela pareceia que não escutava. Decidi pular o muro da casa. Pulei sem medo. Alí não havia mais cachorros. Na verdade não via mais a casa. Não via mais nada. Estava tudo escuro. Bem na minha frente a mulher aparece. Olhava para mim concentrada. Ele era meiga como um anjo. Me chamou pelo nome. Eu não entendi. De repente ela saca uma aliança linda de ouro e coloca no meu dedo anelar. A promessa então, estava cumprida.
           Eu estava casado. O mundo ficava azul. Ouvia um barulho de cachoeira e de pássaros. Sentia cheiro de flores. Senti uma sensação muito estranha de queda. Foi rápido e intenso. Abri os olhos. Estava na minha linda fazenda. Bem na minha frente minha esposa, meus dois filhos e meu cãozinho. Foi um lindo sonho. Agora é realidade.
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Raimundo Silva Neto é estudante do 3º ano de Letras- Língua Portuguesa, meu companheiro de turma e amigo, não entendo o porque de eu ter demorado tanto tempo para me aproximar da pessoa maravilhosa que ele é, entretanto, não foi tarde demais. Que Deus te abençoe em todos os seus planos, Neto! Obrigada pelo texto, os leitores agradecem, e muito!

19 de outubro de 2011

E se...



Ei, vem cá. Posso te contar um segredo? O mundo vai acabar. Não, é sério... não vai embora, não. Vem cá... olha só, posso ter tomado algumas doses, mas isso não afetou nada em mim, tá legal? Tá bom... afetou, porque eu não poderia ter contado isso pra ninguém, eu acho.Mas foi assim: hoje, às 6 da manhãeu recebi uma mensagem estranha, de um número estranho. E sim, antes que me perguntes, eu liguei pra saber quem tinha me passado essa mensagem-trote. Liguei e deu na caixa postal. Por sinal, com a mensagem de voz também estranha. Sabe quando tu ligas e dizem: “Você ligou para ‘Fulano’”? Pois é, não ouvi nada disso, só um som... ESTRANHO que me arrepiou, e muito!
A mensagem dizia mais ou menos isso: “Não importa a maneira, você foi escolhida. O mundo vai acabar e todas as pessoas terão 24 horas de vida. Mas eu tenho certeza quevocê será a única que saberá gastar estas horas. Eu acredito em você.” Ah tá! Quem acredita em mim? Me diz. Família? Amigos? Não, não. Meu cachorro? Tá, só meu cachorro acredita em mim, e tu? Vem cá, estás acreditando em mim? Tu não estás sinalizando com a cabeça só porque eu estou na tua frente, né?
Ah, e tem mais da mensagem:ela também diz que o mundo não vai acabar com tsunamis, nem vulcões em erupção, nem raios, nem com chão se despedaçando, muito menos com extraterrestres vindo para nos usar como cobaias(que por sinal, acho o melhor enredo pra “fim de mundo” já inventado). Todo mundo só vai encostar suas cabeças em seus travesseiros e dormir pra sempre.
Chato, né? Imagina pra mim que sonhava com naves mega lindas e fofinhas chegando aqui na Terra: mil vezes chato.Então, como foi me dada essa missão, decidi fazer uma lista. Tá até aqui, ó, deixa eu te mostrar: 

E aí? Tá legal, né? Pois é, e como eu tava te dizen... IIIIIHHH... QUASE MEIA NOITE! Tenho mais ou menos 4 horas. Então é isso. Tchau! Ah, aproveita essas últimas horas e faz uma lista. Ou não faz. Vai da tua cabeça mesmo. Não sei se acreditas ou não, mas e se isso realmente for verdade? Eu não acredito que depois de tudo isso não tens uma pulga atrás da orelha!
Eu só te digo uma coisa: todos os dias é o fim do mundo para alguém. Quem vai saber quando é a sua verdadeira hora? Não sou a favor do Carpe Diem, não sou mesmo. Quer uma prova? A lista que acabei de te mostrar. Se fosse ligada ao “viva como se não houvesse amanhã” saía bebendo, falando o que desse na telha, beijando e fazendo outras coisas com todo mundo, como a maioria das pessoas pensam que esse seja o significado dessa ideia, e que provavelmente fariam isso caso recebesse essa mensagem do fim do mundo. Eu gastei duas horas do meu ultimo dia fazendo e revisando uma lista! Definitivamente, não ao Carpe Diem!
Não, eu não tô triste. Tô feliz, e muito! Já pensou receber tuas últimas 24 horas e saber que elas SÃO as tuas últimas 24 horas? Não é pra qualquer um e tô me sentindo a pessoa mais sortuda de todas.
Siiiiim, agora tô indo mesmo, tá? Mas por favor, todo esse segredo que te falei vou confiar somente a ti...até porque mais ninguém acreditaria mesmo.
Tu acreditaste, né?


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Victoria Oliveira ou @vicky_oliveira está participando da Semana de Homenagens pela segunda vez. Publicitária, prima companheira, amiga e notem como ela tem talento como escritora... rsrs Sucesso prima. Obrigada pelo texto, prima, muita paz.

18 de outubro de 2011

Sobre fins e recomeços...




       Fui desafiado em pensar o que poderia ser feito se por um acaso descobrisse que o mundo acabaria em 24 horas, bem, num momentâneo silêncio, fiquei charfundando a mente para imaginar o que poderia ser feito, vasculhei filmes, até mesmo as religiões e suas misteriosas profecias que já foram feitas sobre o fim, ou ainda acontecerão.
       Conclui, que nada faria, não anunciaria o fim, poderia supor que as pessoas buscariam mais a Deus, seriam mais solidárias, passariam a dar tudo o que tinham aos pobres, se tornariam mais humanas, mas com que efeito? Para minimizar anos de maldades e egoísmos? Melhor continuar do jeito que está, pois até para isso, seria uma atitude egoísta. Para se fazer o bem e mudar nossa condição humana, precisa-se pensar no bem estar do outro e não no seu.
        Também, pensei no efeito reverso, em anunciar tal fato à humanidade, do jeito que já está é ruim, poderia ficar ainda pior, pessoas ficando mais violentas, roubos, estupros e outros males sem fim. O que fazer?
         Pode ser egoísmo de minha parte, mas prefiro desejar ser pego de surpresa pelo fim, fechar os olhos e imaginar que a vida valeu à pena, que outras pessoas pensarão o mesmo que eu. Que a poesia fez seu trabalho, que o amor cumpriu bem seu papel e agora colheremos os belos frutos desta seara.
       Se for para anunciar uma coisa, que não seja o fim das coisas, mas o recomeço das coisas que são marcadas pelo amor e do poder que isso tem diante do mundo, quem sabe, se todos forem envolvidos por esse sentimento o planeta desista de ter um fim e passe apenas a ser para sempre...
Paz e bem.

                                          Fonte imagem: http://pradepoisqueimar.blogspot.com


Thiago Azevedo (@azevedothiago81), conheci-o através de sua poesia, me encantei com o dom que ele tem com as palavras e com a incrível suavidade de seus versos. Dono dos blogs Descanso da Alma e Manga e Poesia, nos deu a honra de ter no Entreletr@s um texto inédito. Obrigada Thiago, que tenhas cada vez mais sucesso nessa estrada das letras.
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