É sempre assim, depois
que tudo acaba a gente dá um jeito de refazer a vida e aprende a conviver com a
ausência daquela pessoa. Dói um pouco no início, alguns lugares sempre vão te
lembrar daqueles momentos, aquelas músicas sempre vão te fazer chorar, até o
dia em que você nem se dá conta de que não pensa mais nela. Às vezes, nem é
porque você quis esquecer, mas sua vida se encarregou de te ocupar de tantas
formas e tudo passou a ser mais importante do que ter tempo para sentir
saudade.
Eis que um dia,
daqueles que não são comuns; daqueles em que por alguns instantes seu tempo se
fez livre; daqueles em que em meio a tantas tarefas e obrigações, tantas
leituras e compromissos, um sonho te faz perder o equilíbrio. Sim, um sonho.
Freud explica dizendo que os sonhos nada mais são do que aqueles desejos
reprimidos os quais não temos coragem de pôr em prática e, se você não põe, seu
inconsciente vai lá e “plin” faz tudo para você.
Pode ser irreal, mas
você consegue ver aquela pessoa, tocá-la, olhar nos olhos dela e seu coração,
aquele cerne descontrolado, acelera tal qual o dia em que vocês trocaram aquele
primeiro beijo. Pouco importa onde vocês se encontraram. Na praça? No parque?
Na chuva? Era noite? E se você não lembrar? Mas quem esquece? O orgulho esquece, mas a
memória... Ah, essa é uma artista! Ela consegue te convencer de que tudo está
em paz até que, em um dia incomum, ela te traga de volta todas as lembranças
que você nem sabia que ainda estavam guardadas.
Mas, o dia é longo, você tem sempre um milhão e meio de
coisas a fazer. Pessoas falam com você a todo o momento e sua concentração
precisa estar em ordem para atender ao que cada um lhe pede. Então, é hora de
ir a algum lugar, um lugar que você vai todos os dias, mas nem lembrava mais
que vocês enquanto eram dois viviam por ali, trocando declarações ali
justamente naquele lugar por onde você passa todos os dias preocupada com o que
deve fazer depois que chegar em casa, pensando na vida ou em qualquer outra
coisa, menos: nele!!!
Você passa, olha, não o vê, mas consegue projetar
naquele lugar todas as vezes em que vocês estiveram ali em uma questão de
segundos, e... não é que de repente a música “de vocês” começou a tocar? Sem
perceber, você deixou escapar aquela lágrima que o orgulho te fez guardar por
todo esse tempo. Um lágrima que guardava
tanto aperto, tanta dor, tanto rancor.
Todas as dúvidas voltam à tona, mas elas já não querem
respostas, elas só querem paz. Elas só querem voltar a se ocupar de tantas
outras coisas a ponto de não conseguir mais ter um segundo de tempo livre para
pensar em nada ou... em tudo! Um sonho, uma palavra, um lugar e você
simplesmente perde a razão. Se você acreditava dessa vez estar fazendo o certo,
parabéns, pode ter certeza de que você não tem certeza de mais nada.
Absolutamente... NADA!

Fonte Imagem garotacrescida.blogspot.com
Tipo de texto que te faz lembrar histórias...
ResponderExcluirMuito belo seu texto.
ResponderExcluirComplicado....quando pensamos ter esquecido alguém, lá vem esse caminhão de lembranças nos atropelando.
Eu prefiro acreditar que nunca esquecemos de alguém, na verdade o que fazemos é aprender a conviver sem, mas esquecer... muito difícil.
Um bom domingo.
Oi, Raíssa
ResponderExcluirAdorei sua visita e vim retribuir. Seus textos são muito bonitos e nos fazem repensar histórias guardadas no baú do tempo. É exatamente assim: um dia, sem saber como nem porque elas retornam, às vezes para nos confundir, revirar cinzas e acender o fogo que jazia no esquecimento, outras nos chegam suaves, mas sempre com gosto de saudade...
Serás sempre bem vinda!
Beijos