28 de maio de 2011

Muro de Pedra

     
       Noan era um homem como outro qualquer, a não ser pelo fato de viver sempre rodeado de amigos e de sempre fugir aos esteriótipos impostos pela sociedade. Possuía tudo o que alguém precisava para viver bem e feliz. É claro,  que com alguma dificuldade alí e outra aqui, mas o sorriso em seu rosto era algo que jamais se apagava. Ele era um homem íntegro, simpático, amigo, confidente e atraia olhares e discípulos por sua sabedoria e facilidade incomparável de resolver problemas, por pior que estes fossem, jamais perdiam-se ou escapavam aos conselhos, sempre muito bem posicionados, de Noan. 
       Ele nunca estava só, por mais que às vezes precisasse de um tempo para si, ajudar os amigos em primeira instância era o seu lema. Por tanta preocupação com os outros acabou por  esquecer de si, e  por descuidar-se daquilo que, a aliança das boas amizades e da notória felicidade quase constante carregara consigo, a inveja alheia. Independente das roupas que vestia, do dinheiro que ele possuía e da cor da pele que o revestia, o fato de ser querido e amado por algumas pessoas especiais, fazia dele alvo vulnerável àqueles que, por mais que tentassem atingir metade do carisma de Joaquim, não conseguiam meio por cento dessa totalidade.
        A inveja de algumas pessoas sobre ele era tamanha, que era possível até dividí-las em categorias. O primeiro, era o grupos dos invejosos curiosos, que não conseguiam entender como Noan, sendo um ser completamente fora dos padrões sociais, conseguia apenas com seu carisma e sabedoria atrair os olhares e a amizade de tantas pessoas. Esse grupo dedicava horas de observações e hipóteses para destrinchar o tal enigma.
        O segundo grupo, era constituído pelos invejosos ambiciosos, que não apenas queriam descobrir, mas também possuir o segredo para as inúmeras conquistas de Noan. Vale lembrar que, para esse grupo, o que importava mesmo era copiar a fórmula dele, para que com isso pudessem ter o mesmo sucesso. Talvez, ouvir as mesmas músicas e esperar ter as mesmas sensações, ou ler o mesmo livro esperando obter as mesmas interpretações.
         Por fim, os mais perigosos, os que conseguem ter tudo reunidos em um só; um só corpo; uma só mente; um só coração. São os invejosos de verdade, os que buscavam na inveja a cura para o seu desespero. Não era apenas cobiça, muito menos curiosidade, era uma moléstia compulsiva em destriur. Noan, tinha alguém que queria cessar sua capacidade de sonhar; sua capacidade de amar; sua capacidade de cuidar.O nome dele, nem convém ser citado, para que esta página não fique tão pútrida quanto o caráter deste ser que mente, manipula, cria situações, embaraços e momentos desagradáveis.
          O desejo pelas coisas que Noan possuía era algo que, por mais que estivesse nítido aos olhos do mundo, a vergonha era algo que lhe faltava e o invejoso não media esforços para destruir e construir sua felicidade às custas das frustrações de Noan. Ele era o pior de todos porque não queria possuir os bens de Noan e sim ter o prazer de tirá-los e jogá-los no lixo, para que Noan sofresse pela perda e pelo sentimento de fracasso. O lema dele era: "Eu não quero possuir, nem posso. Mas farei o possível para que ele deixe de possuir, não tenha."
           Por mais que a sabedoria lhe conferisse prazeres, Noan era bem melhor no quesito "prestar ajuda ao outro.", entretanto, quanto o aspecto que exigia solução era de cunho pessoal, a figura atingia formas indiscritíveis e avassaladoras. Era cego para si, cego para enxergar soluções para os seus problemas, defeitos e decepções. Era difícil consolar a si mesmo, e ter que encarar o mundo como se nada de ruim tivesse ocorrido.
            Até que um dia, Noan andando distraído, foi atingido por uma pedra que lhe feriu o braço, por sorte ela não era muito grande, apenas lhe rendeu alguns ferimentos e uma dor forte, que resultou em alguns minutos de choro e uns dias de curativo. O tempo passou e o ferimento cicatrizou. Alguns meses depois, outra pedra o atingiu, dessa vez um pouco maior que a primeira, essa que lhe comprometeu as pernas por alguns meses, porém com a ajuda de alguns amigos, a recuperação conseguiu ter êxito de forma mais rápida que o esperado.
            Ainda abalado com o impacto daa última pedra, Noan voltou a caminhar, entretanto, com medo de ser atingido novamente, andava mais prevenido. Até que, um dia por acaso, descobriu que o lançamento das pedras contra ele era feito pelo invejoso que queria destruí-lo e mesmo que estivesse mais atento e informado, ainda carecia de reflexos e agilidade de defesa para outro eventual ataque.
            Não se resguardou o bastante. Noan foi atingido novamente, dessa vez a pedra era bem maior que todas as outras, a dor foi tamanha, que até seu coração sangrou; e sangrou por meses. A dor não durou alguns minutos, nem horas, durou meses, longos meses, todavia foi esta que fez com que Noan tomasse outro posicionamento em relação ao inimigo invejoso, foi ela que fez com que Noan retirasse a venda que revestia-lhe os olhos.
           Ele esperou o próximo ataque, felizmente, conhecia seu inimigo invejoso a ponto de saber que ele seria baixo, vulgar e fraco o suficiente para mostrar seu desespero em tentar acabar com a felicidade de Noan. Sim, ele estava feliz apesar de tudo, pois sabia que as pedras lançadas jamais lhe atingiriam da mesma forma. Teve paciência, seguiu sua vida, mas não deixou de estar prevenido para qualquer ameaça. Cautela, era a palavra-chave dos dois, de Joaquim e do invejoso. Noan deu indícios falsos de distração, ingenuidade e fragilidade; mostrou tristeza, melancolia, dor e angústia. Tudo o que alimentava a alma daquele verme que insistem em chamar de ser humano .
            Por certo, tudo o que o invejoso precisava para atacar novamente, e o fez. Lançou outra pedra, esta que foi aparada por Noan. Indignado, ele lançou outra, que se encaixou perfeitamente entre os dedos de Noan. Irritadíssimo, lançou outra pedra, que bateu em alguma coisa, e não acertou Noan. Lançou então três, de uma vez, para que pelo menos uma pudesse acabar com ele, mas Noan as conteve em um simples saquinho de pano. Aquilo, não poderia continuar, o invejoso já não fazia mais questão de se esconder, sua insanidade era maior que qualquer pedra.
             Arquitetou o plano perfeito. Encontrou a pedra que destruiria Noan de uma vez por todas, uma de tamanho exorbitante, que o atingiria e não deixaria rastros de sua existência, o esmagaria completamente. No dia planejado, organizou tudo e lançou a pedra, correu ansioso para ver se Noan decerto estaria fora de sua vida, quando foi surpreendido por uma sobra gigante, olhou para o céu e viu que algo cairia sobre ele. Correu, mas a pedra gigante o atingiu de tal forma que ele não cnseguiu escapar. Agonizava, desesperava-se, já não sentia nada. Olhou para cima, e antes do sol escurecer, o invejoso ainda consegiu ver Noan, erguido sob um muro de pedras.

 "Tudo nessa vida é REFLEXO, do passado ou do presente..."

Fonte imagem: Flickr PabloF

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