17 de março de 2012

Apologia


Desculpem, tenho de ir, meu amor chegou. Olhem, vejam como ele veio.  Sem flores, pois elas murcham com o tempo e o amor não é assim. Sem chocolates, porque assim como eles podem ser doces, podem ser muito amargos e o amor não é assim, só quem vive esse sentimento de verdade sabe a doçura que ele tem. Sem alianças, porque isso nos tiraria a liberdade e o amor não é assim. Sem bichinhos de pelúcia, pois com o tempo eles ficam empoeirados e o amor, ah, o amor não é assim.
Vejam como ele caminha em minha direção. Sem promessas, porque ninguém conhece os limites que tem e uma decepção partiria o meu coração. Sem falsas esperanças, sem frases feitas, sem mentiras, sem enganos, porque ele sabe o que é sentir, ele tem um coração, ele é humano. Sem falso companheirismo, sem planos, porque o amor resolve as bagunças do tempo e alinha os segundos para o encontro perfeito.
Sim, ele veio a pé, sem cavalo branco, sem carruagem, sem sapatinho de cristal, sem pertencer à nobreza de uma família real, por isso ele demorou a chegar, mas valeu a pena esperar cada segundo de aflição para abrir a cada manhã esses sorrisos e permanecer com eles por todo o dia até a hora de dormir e sonhar. Notem, ele vive sem holofotes virados para si, ele não precisa brilhar para todos, ou para todas, ele brilha apenas pra mim.
Por falar em brilho, sabe o brilho desses olhos miúdos, aqui? Ninguém ofusca mais. Sabe esse coração cheio de amor, aqui? Fizeram-no transbordar. Quem fez? Ele, ora, que trouxe no silêncio as palavras nunca ditas por ninguém. Que trouxe nos braços o abraço mais protetor. Que não copiou frases, expressões ou histórias, apenas escreveu em uma vida vazia a mais linda história de amor, sem mocinhas, sem galãs, sem vilões. Para ele, nada disso interessa, se o mundo lê ou não o que ele fez, para ele importa mesmo é viver. Sinto muito, queridos, fiquem aí, presos no meu passado e não voltem porque o meu futuro é lindo...Adeus!

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