22 de abril de 2012

Sobre a primavera


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fonte imagem: wehearit.com/entry/27197684

Não, não é isso, vem cá, senta aqui. Não me deixa esquecer o gosto que tem o teu beijo. Não me deixa esquecer o quanto é bom te ouvir pela manhã com voz de sono, te ouvir contando as peripécias do dia antes de dormir ou naquela hora inopinada que faz meu coração acelerar só de ouvir você dizer que me ama.
Não deixa que a distância seja o motivo pra que eu esqueça a pressão do teu toque, do calor da tua pele, daquele cheirinho de chocolate dos teus cabelos, da cor e brilho dos teus olhos. Teus olhos, labirintos gigantescos nos quais eu me perco sem reclamar, me perco com gosto sem desespero, com apreço. Apreço de quem vê o reflexo do ser que ama no ser amado ou vice-versa.
Não prende ou corta as minhas asas. Não imagina bobagens. Rega essa semente que plantaste e faz brotar essa árvore de amor que prometeste. Não me rotula, me deixa te amar do meu jeito, independente do nome que quiserem me dar, independente do que eu for, me deixa te amar como eu sei te amar e não como se deve amar a namorada, a noiva, a esposa; me deixa te amar, simplesmente.
Deixa-me morar dentro de ti devagarinho, sem pressa, porque não há de se ter pressa quando tem uma vida inteira pela frente e não há graça maior do que saber que se foi amado por alguém até o fim dos seus dias, portanto, se eu for daqui a pouco, amanhã ou daqui a cem anos, o meu ser verdadeiramente amado foste tu, somente tu.
Não me deixa pensar que queres condicionar minha felicidade à tua, não me faz entender que queres moldar meu sentimento. Eu quero dizer que te amo porque sinto vontade e não porque à primavera convém. Afinal, sempre convém ouvir um ‘eu te amo’ quando se tem certeza de que ele veio do coração naquele exato momento e escapou pela boca ao mesmo instante, sem previsibilidades. Danem-se as estações! Quero te amar nas manhãs de outono e, principalmente, nas noites do inverno mais frio. Quero colher as flores primaveris e te molhar no verão.
Não me larga, mas não me prende demais a ponto de me sufocar, me guarda com carinho dentro de uma caixinha, como uma sementinha, e regue diariamente, cuidadosamente e delicadamente, para que devagar eu floresça. Não deixe que eu enxergue outros sorrisos que me façam esquecer, mais uma vez, de que tu és o que eu encontrei de mais precioso e que tudo o que vem de ti é o que a vida me reservou de melhor. Eu estou e quero continuar aqui, não me deixa partir de novo, porque a cada volta, eu volto menos.
Temos e somos o que muitos queriam, o que todos anseiam. Temos o maior amor do mundo, aquele incondicional, absoluto, infinito e eterno. Somos únicos, insolúveis, inseparáveis, somos um. Temos suspiro, entrelaçar, troca, felicidade. Somos o agora, não mais o depois, já fomos o passado, hoje somos o presente e, imediatamente, o futuro.  Temos e somos. Temos o que somos. Somos o que temos. 

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