6 de maio de 2012

Esses dois...


Eles se conheceram na adolescência, nos tempos de ensino médio. Ele sempre fizera duas séries posteriores à dela. Conheceram-se por intermédio de uma amiga em comum, Jéssica, essa foi a responsável pela união dos dois. Ela o viu primeiro, se encantou pelo menino três anos mais velho. Foram apresentados e ela se apaixonou, de verdade, quando ele disse que tocava piano. Sim, o sonho dela sempre fora ter um piano na sala, por mais que nunca tivesse aprendido a tocar uma nota e, mesmo que ele não a ensinasse, pelo menos teria alguém para admirar aos domingos pela manhã quando as cortinas da sala estivessem abertas e o lustre estivesse desligado.
Meio tímida, ela o convidou para a sua festa de 15 anos, queria que ele a visse nesse dia especial, talvez o primeiro de muitos que ela passaria ao lado dele. Na noite da festa, ele apareceu, ela sorriu, o recebeu e fez questão de ler, antes de guardar o presente, o bilhete que ele escrevera: “Parabéns de um cara que gosta muito de você. Felicidades.”, palavras simples que para ela eram a declaração de amor mais linda de todas. Ele dançou a valsa com ela, sorriam, brincaram e desde aquele dia não se separaram.
Começaram a namorar quinze dias depois do aniversário, não surpreendendo ninguém, pois todos já esperavam por aquilo. Um ano, dois, o fim. Separaram-se jovens demais. Precisavam amadurecer. Ela se apaixonou, ou melhor, tentou buscar alguém que pudesse dar à ela a alegria que ele lhe proporcionava e a plenitude de um sentimento. Ele fez o mesmo, buscava o mesmo sorriso, o mesmo beijo, o mesmo prazer, mas não os teve em uma única pessoa, precisou de várias. Não se satisfizeram.
Voltaram após um ano separados, entretanto, os destino os separou de novo; ele fora trabalhar em outro estado, do qual teve que fazer sua nova moradia. Ela não aguentou esperar, procurou alguém. Machucado e decepcionado, ele fez o mesmo. Se odiaram por alguns meses, ele voltou; ela não resistiu ao seu cheiro, ele não resistiu ao seu beijo. Voltaram.
Depois de alguns meses, brigaram pelo motivo de sempre: ciúmes. Ela, capricorniana, possessiva, tentava se controlar, mas quando não aguentava, jogava na cara dele os atos dos últimos milênios. Ele, virginiano, não aguentava o acúmulo de ciúmes para explodir, mas tinha uma memória ímpar e quando ela vinha com o seu depósito de historinhas, ele trazia as suas e mais um milhão de argumentos plausíveis.
Dois cabeçudos. Ele sempre queria ter razão. Ela também. Terminaram por incompatibilidade de pensamentos. Ela disse que nunca mais queria vê-lo, fê-lo chorar ao telefone, trocou de número, o chamou de maluco, disse que amava outro mesmo que não fosse verdade. Ele se irritava, chorava, gritava, mas sempre terminava as conversas dizendo o quanto a amava.
Passaram mais um tempinho separados, ela escreveu algumas histórias, ele também. Ela entrou na faculdade, ele abriu um negócio; ela estagiava ganhando pouco, ele trabalhava até aos domingos para ter condições de dar um futuro digno à ela e para cumprir a promessa do lustre e do piano no meio da sala, mamãe só casava assim, o amava muito, mas queria o bendito lustre sobre o piano. Papai nunca negou nada, sempre fez todas as vontades dela e deu.
Os dois agora estão ali, em plena manhã de domingo, brigando mais uma vez, não mais por ciúmes; quanto a isso eles já conseguiram se entender, mas porque o papai não abriu as cortinas da sala, tá com as luzes do lustre ligadas e colocou um copo de água gelada em cima do piano. Enquanto ela abre as cortinas, ele fica imitando-a gesticulando com a boca pra me fazer sorrir.
Olha agora, ele levantou, deu um beijo e um abraço nela e pronto, lá está ela com aquele olhar apaixonado mais uma vez, já, já ela senta ao lado dele pra que ele a ensine a tocar alguma coisa, é sempre assim. Eles adoram brigar de vez em quando, mas é sempre de mentirinha. Eles já confessaram: um não consegue viver sem o outro, são felizes assim, então, que sigam...

                                                                        Fonte Imagem: http://eternessencias.blogspot.com

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