Eles se conheceram na adolescência, nos tempos de ensino
médio. Ele sempre fizera duas séries posteriores à dela. Conheceram-se por
intermédio de uma amiga em comum, Jéssica, essa foi a responsável pela união
dos dois. Ela o viu primeiro, se encantou pelo menino três anos mais velho.
Foram apresentados e ela se apaixonou, de verdade, quando ele disse que tocava
piano. Sim, o sonho dela sempre fora ter um piano na sala, por mais que nunca
tivesse aprendido a tocar uma nota e, mesmo que ele não a ensinasse, pelo menos
teria alguém para admirar aos domingos pela manhã quando as cortinas da sala
estivessem abertas e o lustre estivesse desligado.
Meio tímida, ela o convidou para a sua festa de 15 anos, queria
que ele a visse nesse dia especial, talvez o primeiro de muitos que ela
passaria ao lado dele. Na noite da festa, ele apareceu, ela sorriu, o recebeu e
fez questão de ler, antes de guardar o presente, o bilhete que ele escrevera:
“Parabéns de um cara que gosta muito de você. Felicidades.”, palavras simples que
para ela eram a declaração de amor mais linda de todas. Ele dançou a valsa com
ela, sorriam, brincaram e desde aquele dia não se separaram.
Começaram a namorar quinze dias depois do aniversário, não
surpreendendo ninguém, pois todos já esperavam por aquilo. Um ano, dois, o fim.
Separaram-se jovens demais. Precisavam amadurecer. Ela se apaixonou, ou melhor,
tentou buscar alguém que pudesse dar à ela a alegria que ele lhe proporcionava
e a plenitude de um sentimento. Ele fez o mesmo, buscava o mesmo sorriso, o
mesmo beijo, o mesmo prazer, mas não os teve em uma única pessoa, precisou de
várias. Não se satisfizeram.
Voltaram após um ano separados, entretanto, os destino os separou
de novo; ele fora trabalhar em outro estado, do qual teve que fazer sua nova moradia.
Ela não aguentou esperar, procurou alguém. Machucado e decepcionado, ele fez o
mesmo. Se odiaram por alguns meses, ele voltou; ela não resistiu ao seu cheiro,
ele não resistiu ao seu beijo. Voltaram.
Depois de alguns meses, brigaram pelo motivo de sempre: ciúmes.
Ela, capricorniana, possessiva, tentava se controlar, mas quando não aguentava,
jogava na cara dele os atos dos últimos milênios. Ele, virginiano, não
aguentava o acúmulo de ciúmes para explodir, mas tinha uma memória ímpar e
quando ela vinha com o seu depósito de historinhas, ele trazia as suas e mais
um milhão de argumentos plausíveis.
Dois cabeçudos. Ele sempre queria ter razão. Ela também.
Terminaram por incompatibilidade de pensamentos. Ela disse que nunca mais
queria vê-lo, fê-lo chorar ao telefone, trocou de número, o chamou de maluco,
disse que amava outro mesmo que não fosse verdade. Ele se irritava, chorava,
gritava, mas sempre terminava as conversas dizendo o quanto a amava.
Passaram mais um tempinho separados, ela escreveu algumas
histórias, ele também. Ela entrou na faculdade, ele abriu um negócio; ela
estagiava ganhando pouco, ele trabalhava até aos domingos para ter condições de
dar um futuro digno à ela e para cumprir a promessa do lustre e do piano no
meio da sala, mamãe só casava assim, o amava muito, mas queria o bendito lustre
sobre o piano. Papai nunca negou nada, sempre fez todas as vontades dela e deu.
Os dois agora estão ali, em plena manhã de domingo, brigando
mais uma vez, não mais por ciúmes; quanto a isso eles já conseguiram se
entender, mas porque o papai não abriu as cortinas da sala, tá com as luzes do
lustre ligadas e colocou um copo de água gelada em cima do piano. Enquanto ela
abre as cortinas, ele fica imitando-a gesticulando com a boca pra me fazer sorrir.
Olha agora, ele levantou, deu um beijo e um abraço nela e
pronto, lá está ela com aquele olhar apaixonado mais uma vez, já, já ela senta
ao lado dele pra que ele a ensine a tocar alguma coisa, é sempre assim. Eles
adoram brigar de vez em quando, mas é sempre de mentirinha. Eles já confessaram: um não consegue viver sem o outro, são felizes assim, então, que sigam...
Fonte Imagem: http://eternessencias.blogspot.com
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