A vida é regida por tantos porquês que, na verdade, por mais experiências que ela nos dê, sempre é concedido mais espaço para mais perguntas e, a maioria delas, mesmo que o tempo passe, não conseguimos responder de forma satisfatória. Sempre me pego pensando na razão de certas coisas acontecerem, e minha última fuga, foi para tentar entender o porquê das pessoas aparecerem em nossas vidas, permanecerem nela até se tornarem essenciais e importantes, e depois saírem, sem dar explicações, ou usando as justificativas mais bobas e inacreditáveis do mundo.
Eu sempre me esforcei para ser boa em tudo o que fazia e, se eu podia ser boa, porque não tentar ser a melhor? A melhor filha, a melhor amiga, a melhor companhia... E então, aparece alguém que te faz querer ser melhor, você arrisca, brinca, joga e faz tudo o que pode para fazer o outro feliz, para ver um sorriso estampado na cara a todo o instante e um brilho distinto nos olhos. De repente, sem mais nem menos, esse alguém decide se afastar, depois de dividirem tantas coisas juntos, risos, choros, aprendizados e chega a hora de dizer adeus.
O que demora a ser compreendido, pelo menos por mim, é que, partindo do pressuposto que, qualquer relacionamento é construído por duas pessoas, no mínimo, e que decisões como essas, deveriam partir de um denominador comum e não ser iniciativa de um dos lados. Pergunta-se, mais uma vez: onde está o erro, em mim, em você, nele? Quem responde?
O significado dos erros eu já entendi, aprendi que nós somos como pedras brutas, precisamos de lapidações ao longo de uma trajetória, e os erros são as ferramentas que vida utiliza, para que nós sejamos, em essência, lapidados em todos os sentidos e a todo o instante. A vida não teria graça se não houvesse um errinho aqui e outro alí, mas um afastamento repentino e sem justificativa pra mim, é fuga. Fugir do quê, eu ainda não sei, mas acho que essa é só mais uma pergunta que vai ficar sem resposta ou que o tempo se encarregará de responder.
É nessas horas em que eu sinto falta da minha infância, em que desfazer algumas amizades era bem mais fácil que hoje, eu estabelecia laços bem menos firmes e me envolvia bem menos com as pessoas, meus amigos estavam ao meu lado para dividir comigo sempre, e não tinham problemas tão graves para resolver, não se afastavam de forma tão drástica, e eu posso até estar parecendo uma menina mimada, mas admito que se isso acontecesse há quinze anos atrás, eu não discorreria em uma linha sequer, era um caminho seguro.
O pior e mais doloroso sentimento, nasce quando a causa de decepção parte daquelas pessoas que jamais imaginaríamos que nos machucariam, daquelas pessoas que olhávamos nos olhos e pensávamos: "Essa pessoa, nunca vai me machucar, nunca vai me ferir..." e de repente, elas te dão as costas. Família, é família e nunca vai deixar de ser, um dia tudo volta ao eixo. Quanto aos amigos, às vezes por mais que achemos que os conhecemos bem, ainda é possível se surpreender com eles, mas se achamos que eles valem a pena, nos resta esperar até que eles se dêem conta e voltem para dizer, ao menos: "Desculpe, o erro foi meu."
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