4 de novembro de 2011

Caminho de terra

       
       Chove, e único som que escuto é abafado pela minha janela fechada, há poucas buzinas e muitas gotas. Gotas de chuva que esfriam a cidade, alagam as ruas, e inundam o meu pensamento de lembranças e nostalgia. Chove, faz frio, mas dentro de mim há fogo. Fogo da vontade de ter, de querer, de ser, de pertencer, de descrever. Há desejo, mais que insaciável de restabelecer o ser, tão abalado com tudo o que aconteceu.

        Dentro do coração há o despertar de um sentimento morto, ou melhor, adormecido. Sim, eu não matei, não quis, não quero, não vou. Assim como os melhores textos que lemos, não saem de nossa mente, os melhores versos que habitam o peito, fluem, às vezes sem querer, ou quando a alma embriagada não consegue mais refrear o que fora guardado.

       Acima de tudo, há a saudade da pele, do cheiro, do toque, do rosto, dos arrepios, dos calafrios, das palavras trocadas em silêncio, sim, em silêncio! Saudade dos olhares extasiados de insanidade, do entrelaçar de dedos, dos carinhos e do que se tinha antes de se ter e reaparecer quando tinha que ser.

     Quando a certeza de ser supriu a vontade de querer e quando o desejo de ter descartou a possibilidade de ser, eis que tudo perdeu o verdadeiro sentido de apenas existir. Quando a questão tornou-se menor que a decisão e a indecisão maior do que qualquer razão, eis que tudo que existia ali passou a ser de todos e não do par perfeito.

      Não há a vontade de percorrer longas estradas, basta seguir aquele caminho de terra coberto de flores e bagunçado pelo vento, mas que traz a alegria de saber que não se está sozinho, que distancia duas similares ao ponto de fazer com que depois das curvas elas se cruzem e sorriam, e que normalmente costuma pulsar dentro dos seres trazendo consigo aquela tal de felicidade...

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2 comentários:

  1. Desencontros acontecem, assim como os encontros no fim da estrada.

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  2. O melhor de tudo é chegar ao final do caminho e recordar das boas lembranças que foram acumuladas ao longo dele!
    Belo texto Rah >.<

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