10 de novembro de 2010

Infinito Particular


Eu já havia contado a todos, e eles insistiam em dar sempre a mesma opinião, sempre diziam a mesma coisa. Eu insistia em discordar, deveria existir outro nome para aquilo. Resolvi então buscar a opinião e um diagnóstico de um especialista. Marquei uma consulta e no dia marcado eu estava lá com uma hora de antecedência esperando a minha vez, até que aquele moço de branco me chamou e enfim me diria o que era aquilo. Preciso dizer que eu estava ansiosa e curiosa? Entrei na sala do médico, sentei-me à sua frente e ele perguntou: 

- Pois, bem. O que está acontecendo com você?

- Ah, doutor. Há dias não durmo... - Respondi. Insônia, ele pensou. Prossegui:

- Há dias não como... – Anorexia, ele pensou.

- Há dias estou sorrindo de tudo e para todos... – Leve disturbio mental, ele pensou.

- Há dias eu vejo tudo colorido... – Uso excessivo de drogas, quase uma overdose, ele pensou. E continuei:

- Há dias tenho palpitações...- Ela é cardíaca, ele pensou. 

- Há dias sinto como se houvessem borboletas em meu estômago... – Asquelmintos nematódeos, ele pensou. Enquanto eu falava, ele anotava coisas, balança a cabeça negativamente e me olhava cada vez mais aflito, até o momento em que ele me perguntou quando tudo aquilo havia começado, eu não hesitei e respondi rapidamente:

- Ah, doutor. Tudo começou desde que conheci aquele rapaz maravilhoso, que no início, vinha me visitar nos meus sonhos todas as noites, hoje, se fecho os olhos o vejo e não tenho vontade de dormir porque fico lembrando de cada detalhe do seu rosto, posso sentir o toque de suas mãos sob o meu corpo e posso até sentir o perfume dele, posso ouvir sua voz bem perto dos meus ouvidos e me causando arrepios. Cada dia com ele é como sonhar acordada, sentir o calor dos braços dele em cada abraço, sentir o beijo dele é a melhor coisa que existe, repousar no colo dele acalenta a minha alma, o seu sorriso é a coisa mais linda que já vi além de ser o remédio de todos os meus males, o toque das mãos dele é suave como a seda. Penso nele cada segundo de cada minuto de cada hora de cada dia da minha vida desde então, a vontade de estar perto dele é constante, só ele me faz voltar a ser criança, e uma criança bem mimada, viu doutor! – Rindo feito uma menina boba continuei –  Ele agora deu de me fazer perder o sono, ficar cantarolando por aí, sorrir para estranhos na rua e até arriscar uns versinhos em qualquer papel... Foi assim doutor, que tudo isso começou, e então o que o senhor me diz?

A cara de aflição já não estava mais em seu rosto, o médico me olhava e sorria, então ele cruzou as mãos, me olhou nos olhos e disse:

- Infelizmente ainda não existe uma cura para isso que você está sentindo, sinceramente não há nada que eu possa fazer.

- Como assim, doutor? – Respondi assustada.

- Não há cura porque ele já é o nosso maior remédio, como você disse, é o remédio para o seu e para os males de todos os seres... O nome disso é AMOR!

Levantei imediatamente e extremamente furiosa pela perda de tempo que ele me fez ter, esperei tanto para ouvir o que todos já haviam me dito e eu sabia que não era verdade? Não entendo até hoje como eles podem querer comparar ao amor um sentimento tão nobre como esse, tão indescritível quanto excitante, tão forte quanto uma avalanche, tão puro e leve quanto o algodão, tão certo quanto incerto, tão novo quanto velho,tão doce quanto o mel e tão infinito quanto o céu.

Amor é algo que pra ter definição já foi delimitado, já existe fim para saber até onde vai, mas se eu sei que o que sinto vai além do que eu mesma posso imaginar, imagina só tentar definir o que é. Amor é pouco, o que sinto é mais, mais, mais e ninguém sabe que nome dar, mas todo mundo já sentiu e se não sentiu, com certeza vai sentir um dia e vai saber exatamente do que estou falando. Fico feliz por isso ainda não ter nome, algo me diz hoje que é melhor assim, quer dizer que, ainda que seja universal, esse é meu, só meu, infinito particular...

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